sexta-feira, 15 de maio de 2009

Doe vida, doe sangue

Durante anos assisti apática aos pedidos desesperados de diretores de hospitais, clínicas e bancos de sangue por doadores. "Tenho medo de agulha" eu pensava. "Qualquer dia eu vou" eu dizia. Mas não ia. Tenho 28 anos e nunca tinha doado uma gota sequer. Até o dia que uma amiga me sensibilizou com a história de um de seus alunos.
João era um garoto feliz. Era um aluno exemplar, um filho carinhoso e um bom amigo. Adoeceu. Leucemia. Precisava de transfusões de sangue e de plaquetas para combater o câncer. Diante do pedido da sua professora, não pude me negar a ajudar e finalmente fui à clínica compartilhar um pouco da minha abundante saúde.
Chegando lá, me deparei com uma sala de espera vazia. Vários cartazes de campanhas de doação decoravam as paredes brancas. Um deles alertava para o fato que aquela unidade precisaria de um mínimo de 50 doadores diários para manter seus estoques em um nível aceitável. A julgar pela movimentação naquele dia, acho pouco provável que essa meta seja atingida.
Uma atendente me entregou uma ficha que eu deveria preencher. Cirurgias recentes? Transfusões? Uso de drogas? Quantos parceiros sexuais no último ano? Tatuagens há menos de um ano? Álcool excessivo? Passei por essa etapa sem maiores problemas.
O próximo passo era checar se eu estava anêmica. Uma agulhada na ponta do dedo resolveu isso. A seguir, uma detalhada explicação do procedimento e um lanchinho (eu ainda não tinha almoçado). Devidamente "forrada", me deitei no confortável leito de doação e ali fiquei durante uns quinze minutos assistindo TV e apertando uma bolinha enquanto meu sangue ia preenchendo uma bolsa de 500ml ao lado. Após uma merecida bronca da enfermeira quando disse que aquela era a primeira vez que eu doava sangue, fui liberada para mais um lanchinho (isso mesmo, outro!).
Naquele dia, saí da clínica me sentindo ótima. É o tipo de bem-estar que só conhece quem é generoso, quem doa, quem colabora, quem participa, quem se envolve. Foi um ato que me custou duas passagens e cerca de uma hora, mas me proporcionou uma sensação que havia tempo não experimentava. Prova que há tempo eu não olhava além do meu próprio umbigo...

Frase do dia: "Se não puder alimentar cem pessoas, alimente apenas uma." - Madre Teresa

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