quinta-feira, 30 de abril de 2009

Terra - o filme

Sou fã incondicional da Disney. Apesar das teorias de conspiração envolvendo Mickey Mouse e seus companheiros, acredito que ninguém consegue gerar melhor a combinação de história, personagem e magia que encanta e fascina crianças e adultos ao redor do mundo. Por esse motivo, cultivei uma grande expectativa a respeito do lançamento de Terra (Earth - no original) pela Disneynature - o selo dos Walt Disney Studios dedicado a filmes que mostram as maravilhas do nosso planeta.

Confesso que em um primeiro momento, fiquei um pouco frustrada. O principal motivo foi não ter conseguido encontrar uma sessão legendada e portanto, ao invés da narrativa do maravilhoso James Earl Jones, tive que me contentar com um esforçado dublador que não chega aos pés do senhor do lado negro da força. O outro motivo é que eu esperava que um filme da Disney fosse diferente das centenas de documentários parecidos lançados pela BBC e pelo Discovery Channel, entre outros. Não foi. O enredo passou uma nítida impressão de "mais do mesmo" com os tradicionais momentos "presa e predador", "mamãe e bebê" e "luta pela sobrevivência". Não faltam imagens do urso polar correndo contra o tempo no gelo derretendo, o jaguar correndo atrás da gazela e a eterna busca de uma manada de elefantes pelo oásis no meio da savana africana. Só que isso é apenas uma análise superficial...

O primeiro diferencial do "Terra" é a fantástica trilha sonora composta e conduzida pelo premiado George Fenton e executada pela melhor orquestra do mundo: a Filarmônica de Berlim. Os sons da natureza são complementados de forma inequívoca e elegante pelos belíssimos acordes ora em ritmos jazzísticos, ora em tons grandiosos dignos dos melhores românticos.

Outra exclusividade dessa obra são os efeitos de passagem do tempo. Eu já vi muitas filmagens aceleradas de uma flor brotando ou de um fungo se alastrando porém nunca tinha visto essa técnica em movimento, permitindo uma visão da mudança das estações em um bosque, em uma floresta inteira ou mesmo em uma região vista por satélite. A expetacular transformação da floresta boreal e do Okavango vista do espaço é simplesmente o máximo.

As imagens em si também são lindas, mas isso já era esperado. Entretanto, em mais de uma ocasião eu fiquei pensando "como diabos eles fizeram para filmar isso?!". Alguns truques são mostrados durante os créditos, mas já estou na espera pelo "Making of" do DVD. Destaque especial para o sobrevoo de uma cachoeira que chega a dar vertigem visto na telona.

Os personagens principais do filme são os ursos polares, os elefantes africanos e as baleias jubarte mas são os coadjuvantes de roubam a cena. Me identifiquem pessoalmente com uma ave do paraíso maníaca por limpeza e me encantei com o primeiro voo de uma família de patinhos.

Um grande bônus do documentário é a ausência de lição de moral no final. Hoje em dia, 9 entre 10 filmes do gênero terminam com uma mensagem do tipo: "O Homem está acabando com o habitat dessas espécies. É necessário preservar o meio ambiente e aprender a compartilhar a Terra com essas lindas criaturas". Essas mensagens são importantes, claro, porém quebram a magia das imagens. Nesse caso, você sai do cinema ainda encantado com as cenas desfiladas e a idéia conservacionista fica subentendida.

No final das contas, vale muito a pena ir conferir esse filme nos cinemas. É necessário ignorar algumas frases de efeito merecedoras de tapas na testa, errinhos de tradução e algumas figurinhas repetidas e se deixar maravilhar por essa belíssima produção.

Frase do dia: "Nos não temos idéia de quando uma pequena mudança pode fazer uma grande diferença."- Thomas L. Friedman - autor de "Hot, flat and crowded" e colunista do New York Times.

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